"Os heróis são aqueles que tornam magnífica uma vida que já não podem suportar. "
( Jean Giradoux )
( Jean Giradoux )
- O que você tem?
- Não sei, uma crise.
- E pretende ficar nesse sofá até quando?
- Até eu resolver essa crise.
- E enquanto você não resolve...?
- Vou ficar aqui.
- Vai ficar aqui?
- Sim.
- E quem vai salvar o mundo?
- Bom, não sou o único herói aqui. Existem outros melhores que eu.
- ... - Ela suspirou. Uma pessoa em depressão é uma situação delicada. Um herói depressivo era algo bem mais complicado. Ter o poder de salvar a humanidade nas mãos e entrar em dilemas do tipo "ser ou não ser" seria cômico se não fosse trágico. E ver seu amigo sentado num sofá surrado, assistindo a interessante programação do teto, gerou um misto de indignação e preocupação.
- Posso saber do que se trata a crise?
- Talvez eu não queira mais salvar o mundo o tempo todo. Talvez eu não seja quem eu sou quando estou nas roupas de um herói.
- E você tomou essa decisão baseado em...?
- Que eu sou um humano como outro qualquer. Todos nós somos humanos comuns com alguns poderes especias. Mas, na essência, somos falhos como qualquer humano. Temos sentimentos bons e ruins. Eu sinto raiva. Sinto inveja. Sinto medo. Sinto vergonha. E o que me diferencia de uma pessoa comum? O fato de todos me chamarem de herói?
- E por ser igual aos outros você não quer mais lutar por um mundo melhor?
- Talvez. Talvez eu não seja um herói de verdade.
- ... - Ela suspirou novamente. Afroxou um pouco o cinto, passou a mão no rosto e acompanhou mais uma vez o silêncio gritante da sala. Não importa o que dissesse, não iria melhorar muita coisa. Ele era cabeça dura, e em certo ponto ele tinha razão. O que os fazia tão melhores que as outras pessoas? Habilidades especiais? Serem bons em suas especialidades ao ponto de conseguir grandes feitos? O que realmente os levava a serem heróis?
E então, como um raio, uma idéia atravessou sua mente, iluminou seu rosto e fez um meio sorriso brotar no canto de seus lábios.
- Quero te mostrar uma coisa.
- Hum?
- E você terá que levantar seu traseiro desse sofá.
- Eu...
- Ou eu vou carregar você... E o sofá. - Sua expressão era dura, como a de uma mãe dando ordens. Mas estava esperançosa, ao mesmo tempo.
- Ok. - Com muito esforço (e uma má vontade maior que seu esforço) ele levantou - se e acompanhou sua amiga. Afinal, onde raios ela queria ir?
(...)
- Primeiro ameaça me carregar num sofá, depois me faz tirar meu uniforme e agora me enfia num lugar desses?? - Perguntou ele ao descer do carro, numa rua escura e deserta, na periferia da cidade.
- Medo de um assalto? - Perguntou ela, irônica.
- Não. Algum herói me salvaria - Retrucou na mesma ironia ácida na qual foi questionado. Andaram alguns metros e chegaram à porta de uma casa simples, que tinha as paredes manchadas de pixações, e um pequeno portão de madeira. Ela tocou a campainha e ambos aguardaram, observando a movimentação da casa. Quando a porta finalmente se abriu, ele ficou em dúvida, porque tinha a impressão de que já tinha visto aquela mulher antes...
- Pois não? - Perguntou a moça em tom de desconfiança.
- Consuelo, eu sou a mulher quem lhe deu carona há alguns dias, e esse é o homem que salvou seu dia.
- Claro!! Madre di Dios! Por favor, entrem, não reparem, mi casa é mui simples! - Respondeu a moça com lágrimas nos olhos e um sotaque espanhol.
- Diana, de raios onde eu conheço ela? - Perguntou tão baixo que mal pode ser ouvido pela amiga que estava ao seu lado. Ambos se sentaram no sofá velho que estava na sala, onde uma menina de uns 2 anos brincava com a boneca no chão.
- Lembra que há alguns meses nós almoçamos em uma lanchonete no centro da cidade? Consuelo é a garçonete que nos atendeu.
- Acho que eu me lembro. Você estava chorando, não estava? - Perguntou ele pensativo.
- Si, yo estava. Naquele dia, yo tinha gastado meu último dinheiro comprando leite para minha filha. Yo não tinha mais de onde tirar dinheiro. E chorei durante todo o dia porque não sabia o que faria quando o expediente acabasse e voltasse para mi casa, onde minha filhinha estaria com fome. Quando atendi vocês, o senhor me disse que, se eu precisasse de qualquer coisa, poderia ligar te. E me deu seu cartão e uma gorjeta de 100 dólares. Então chorei de alegria, aquele dinheiro alimentou minha Samira a semana toda. O senhor saiu apressado e su amiga me trouxe em casa. O patrão achou que atendi tão bem os senhores por causa da gorjeta que fui promovida. Um dia liguei-te para agradecer, mas o senhor não estava. Senhor, gostaria que tu soubesse que soy grata por toda a vida. Desde que viemos do México, a vida tem sido difícil. E eu oro todos os dias para um milagre acontecer, ou um herói me salvar...
- Imagina. Eu só queria melhorar seu dia. - Disse ele, com lágrimas nos olhos. E então Clark entendeu o que Diana queria mostrar-lhe. Seus grandes atos heróicos eram percebidos por todo o mundo, mas o verdadeiro heroísmo era aquilo: fazer a diferença na vida de uma pessoa.
Ele era igual às outras pessoas e talvez fosse realmente um verdadeiro herói. Sem uniforme. E não por fazer grandes atos, mas por mudar as coisas a seu redor para melhor, realmente fazendo a diferença.
Todos podem ser heróis. Há muito tempo, um grande ato de heroísmo foi feito por alguém que deu sua vida por toda a humanidade. E hoje qualquer um pode ser herói. Basta atitude.
Seja um herói, faça a diferença e salve a vida de alguém.
“- Aí o Rei responderá: ‘Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram." (Mateus 25:14)
- Não sei, uma crise.
- E pretende ficar nesse sofá até quando?
- Até eu resolver essa crise.
- E enquanto você não resolve...?
- Vou ficar aqui.
- Vai ficar aqui?
- Sim.
- E quem vai salvar o mundo?
- Bom, não sou o único herói aqui. Existem outros melhores que eu.
- ... - Ela suspirou. Uma pessoa em depressão é uma situação delicada. Um herói depressivo era algo bem mais complicado. Ter o poder de salvar a humanidade nas mãos e entrar em dilemas do tipo "ser ou não ser" seria cômico se não fosse trágico. E ver seu amigo sentado num sofá surrado, assistindo a interessante programação do teto, gerou um misto de indignação e preocupação.
- Posso saber do que se trata a crise?
- Talvez eu não queira mais salvar o mundo o tempo todo. Talvez eu não seja quem eu sou quando estou nas roupas de um herói.
- E você tomou essa decisão baseado em...?
- Que eu sou um humano como outro qualquer. Todos nós somos humanos comuns com alguns poderes especias. Mas, na essência, somos falhos como qualquer humano. Temos sentimentos bons e ruins. Eu sinto raiva. Sinto inveja. Sinto medo. Sinto vergonha. E o que me diferencia de uma pessoa comum? O fato de todos me chamarem de herói?
- E por ser igual aos outros você não quer mais lutar por um mundo melhor?
- Talvez. Talvez eu não seja um herói de verdade.
- ... - Ela suspirou novamente. Afroxou um pouco o cinto, passou a mão no rosto e acompanhou mais uma vez o silêncio gritante da sala. Não importa o que dissesse, não iria melhorar muita coisa. Ele era cabeça dura, e em certo ponto ele tinha razão. O que os fazia tão melhores que as outras pessoas? Habilidades especiais? Serem bons em suas especialidades ao ponto de conseguir grandes feitos? O que realmente os levava a serem heróis?
E então, como um raio, uma idéia atravessou sua mente, iluminou seu rosto e fez um meio sorriso brotar no canto de seus lábios.
- Quero te mostrar uma coisa.
- Hum?
- E você terá que levantar seu traseiro desse sofá.
- Eu...
- Ou eu vou carregar você... E o sofá. - Sua expressão era dura, como a de uma mãe dando ordens. Mas estava esperançosa, ao mesmo tempo.
- Ok. - Com muito esforço (e uma má vontade maior que seu esforço) ele levantou - se e acompanhou sua amiga. Afinal, onde raios ela queria ir?
(...)
- Primeiro ameaça me carregar num sofá, depois me faz tirar meu uniforme e agora me enfia num lugar desses?? - Perguntou ele ao descer do carro, numa rua escura e deserta, na periferia da cidade.
- Medo de um assalto? - Perguntou ela, irônica.
- Não. Algum herói me salvaria - Retrucou na mesma ironia ácida na qual foi questionado. Andaram alguns metros e chegaram à porta de uma casa simples, que tinha as paredes manchadas de pixações, e um pequeno portão de madeira. Ela tocou a campainha e ambos aguardaram, observando a movimentação da casa. Quando a porta finalmente se abriu, ele ficou em dúvida, porque tinha a impressão de que já tinha visto aquela mulher antes...
- Pois não? - Perguntou a moça em tom de desconfiança.
- Consuelo, eu sou a mulher quem lhe deu carona há alguns dias, e esse é o homem que salvou seu dia.
- Claro!! Madre di Dios! Por favor, entrem, não reparem, mi casa é mui simples! - Respondeu a moça com lágrimas nos olhos e um sotaque espanhol.
- Diana, de raios onde eu conheço ela? - Perguntou tão baixo que mal pode ser ouvido pela amiga que estava ao seu lado. Ambos se sentaram no sofá velho que estava na sala, onde uma menina de uns 2 anos brincava com a boneca no chão.
- Lembra que há alguns meses nós almoçamos em uma lanchonete no centro da cidade? Consuelo é a garçonete que nos atendeu.
- Acho que eu me lembro. Você estava chorando, não estava? - Perguntou ele pensativo.
- Si, yo estava. Naquele dia, yo tinha gastado meu último dinheiro comprando leite para minha filha. Yo não tinha mais de onde tirar dinheiro. E chorei durante todo o dia porque não sabia o que faria quando o expediente acabasse e voltasse para mi casa, onde minha filhinha estaria com fome. Quando atendi vocês, o senhor me disse que, se eu precisasse de qualquer coisa, poderia ligar te. E me deu seu cartão e uma gorjeta de 100 dólares. Então chorei de alegria, aquele dinheiro alimentou minha Samira a semana toda. O senhor saiu apressado e su amiga me trouxe em casa. O patrão achou que atendi tão bem os senhores por causa da gorjeta que fui promovida. Um dia liguei-te para agradecer, mas o senhor não estava. Senhor, gostaria que tu soubesse que soy grata por toda a vida. Desde que viemos do México, a vida tem sido difícil. E eu oro todos os dias para um milagre acontecer, ou um herói me salvar...
- Imagina. Eu só queria melhorar seu dia. - Disse ele, com lágrimas nos olhos. E então Clark entendeu o que Diana queria mostrar-lhe. Seus grandes atos heróicos eram percebidos por todo o mundo, mas o verdadeiro heroísmo era aquilo: fazer a diferença na vida de uma pessoa.
Ele era igual às outras pessoas e talvez fosse realmente um verdadeiro herói. Sem uniforme. E não por fazer grandes atos, mas por mudar as coisas a seu redor para melhor, realmente fazendo a diferença.
Todos podem ser heróis. Há muito tempo, um grande ato de heroísmo foi feito por alguém que deu sua vida por toda a humanidade. E hoje qualquer um pode ser herói. Basta atitude.
Seja um herói, faça a diferença e salve a vida de alguém.
“- Aí o Rei responderá: ‘Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram." (Mateus 25:14)
CAMIS
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