segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Cura e Cicatriz

Há alguns meses eu acordei com algumas pequenas manchas no meu corpo, bastante avermelhadas, com uma coceira intensa. Com o passar dos dias essas manchas aumentaram, e eu procurei um médico dermatologista. Ele me disse que estava com um processo alérgico, me receitou anti-histamínicos e eu voltei para casa. O remédio não surtiu o menor efeito. Dias depois procurei por um alergologista que me disse a mesma coisa e me receitou outros anti-alérgicos. Nenhum efeito.
A cada dia haviam mais manchas, cada vez maiores.
Um dia encontrei um médico que trabalha comigo, e ele me disse para interromper todo o tratamento com anti-alérgicos pois se tratava de um caso de escabiose. Para aqueles que não sabem o que é escabiose, trata-se de uma dermatite popularmente conhecida como “sarna” (podem rir, todos riem, minha mãe riu!). Num primeiro momento fiquei desesperado e ao mesmo tempo indignado, tentando imaginar onde, por Deus, eu tinha adquirido tal ectoparasitose. É um tanto óbvio que passei por algum lugar ou estive com alguém contaminado. Mas não consegui rastrear na minha memória.
Comecei então o tratamento específico para escabiose. Segundo o médico e as bulas dos remédios, a parasitose é eliminada com uma única dose do medicamento, devendo ser repetida após 7 dias. Porém a coceira e as manchas permanecem por muito tempo. Nesse período eu tive de tomar uma série de cuidados para não contaminar minhas roupas, objetos pessoais e pessoas próximas. Minhas roupas tiveram de ser separadas das roupas dos meus familiares, e as roupas de cama e banho tinham de ser trocadas diariamente. Às vezes eu me sentia como um leproso confinado. A sensação de estar contaminado é horrível, repugnante! Embora a doença não seja grave sob nenhum aspecto, é uma sensação aterrorizante, levando em conta o tratamento lento e exaustivo.
Então eu perguntei ao Senhor: “Deus, sei que tudo o que o Senhor permite que aconteça à nós, é para nos ensinar algo. O que está tentando me mostrar?”. E o Espírito Santo de Deus trouxe uma resposta imediata à minha mente enquanto eu orava:
“Filho, você esteve afastado dos meus caminhos por algum tempo. Nesse período em que você andou longe, passou por lugares muito sujos e contaminados, não pela escabiose, mas pelo pecado. Enquanto você esteve por lá, não pôde perceber, mas agora que se aproximou de minha luz outra vez, está enxergando manchas que foram deixadas pelo pecado, e estas manchas causam tanto desconforto quanto as coceiras que você sente nestas manchas provocadas pela escabiose. Assim como você procurou tratamento para sua doença, consultando vários médicos, também você procurou ajuda para sua alma em lugares que não puderam lhe oferecer a cura. Quando você se aproximou de mim outra vez, eu mostrei coisas que precisam ser removidas da sua vida, como estas manchas, para que você se torne limpo, se torne puro, sem máculas! O meu perdão para você foi liberado na Cruz, e o seu arrependimento não te traz o meu perdão! É exatamente o oposto. Você se arrependeu por que eu lhe dei perdão! Remover estas manchas é meu trabalho em você, e isso é um tratamento. Você passará por um processo de cura que talvez cause algum desconforto. Nenhum tratamento é livre de efeitos adversos. Mas no final você será completamente curado. Assim como as manchas do teu corpo, toda e qualquer mancha na tua alma será removida. Mas você precisa ficar longe de tudo aquilo que possa estar contaminado, para que não hajam recidivas! Eu sou o Deus que te cura”.
Me debulhei em lágrimas e entendi perfeitamente o que Deus estava dizendo.  O que acontece com minha carne é muito secundário quando se trata do que acontece com minha alma. O nível espiritual sobrepuja o nível natural. Deus pode curar meu corpo, mas ainda mais que isso, Ele pode tratar as feridas da alma. Existem muitas feridas abertas dentro de cada um de nós, e elas doem, às vezes sangram, e na maioria das vezes nós não queremos que ninguém as toque, que ninguém as veja, porque traz dor e vergonha. Mas uma ferida só é curada quando tratada, quando mexida, quando revolvida. É preciso destapar, lavar, colocar remédios e tapar novamente, e repetir o procedimento várias vezes. Geralmente é um processo lento e que realmente causa desconforto. Mas quando a ferida é completamente curada, a única coisa que pode ficar é a cicatriz.
Subvertemos também o significado da cicatriz. Quando olhamos para ela, pensamos sempre no mal que representa: “isso foi um ferimento”. Quando na verdade deveríamos olhá-la pensando: “oh! Aqui houve cura!”.

Deus trará grandes curas para nossas almas quando deixarmos que Ele coloque seu dedo curador sobre as feridas, e possa retirar as impurezas ali presentes, e cuidar destes ferimentos como um pai amoroso até que eles se tornem cicatrizes que nos sirvam pra testemunhar a bondade de Deus em nos curar!!!
Deixemos que o Espírito de Deus nos cure com sua mão, com seu toque, com seu manto, com sua saliva misturada ao pó da terra, com sua paixão avassaladora por nós, com seu amor imensurável.
Traga-nos tua cura, Deus, oramos!
Deus abençoe.

 LEANDRO PIVATO

O que É um Cristão?


Oi galera,tudo bem com vcs?
Eu estava no blog http://www.convitealoucura.com.br/ e encontrei um texto muito bacana que queria compartilhar com vocês. Fiquem com Deus.

John Piper.
O que significa ser um cristão? Charles Hodge, um dos grandes teólogos reformados do século XIX, achou a resposta neste texto: “É ser constrangido por um senso do amor de nosso divino Senhor, de tal modo que Lhe consagramos nossa vida”.
Ser um cristão não significa apenas crer, de coração, que Cristo morreu por nós. Significa “ser constrangido” pelo amor demonstrado nesse ato. A verdade nos pressiona. Ela força e se apropria; impele e controla. A verdade nos cerca, não nos deixando fugir. Ela nos prende em gozo.
Como a verdade faz isso? Paulo disse que o amor de Cristo o constrangia por causa de um julgamento que ele fazia a respeito da morte: “Julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram”. Paulo se tornou cristão não somente por meio da decisão com base no fato de que Cristo morreu pelos pecadores, mas também por meio do sábio discernimento de que a morte de Cristo foi também a morte de todos aqueles em favor dos quais Ele morreu.
Em outras palavras, tornar-se um cristão é chegar a crer não somente que Cristo morreu por seu povo, mas também que todo o seu povo morreu quando Ele morreu. Tornar-se um cristão é, primeiramente, fazer esta pergunta: estou convencido de que Cristo morreu por mim e de que eu morri nEle? Estou pronto a morrer, a fim de viver no poder do amor dEle e para a demonstração da sua glória. Em segundo lugar, tornar-se um cristão significa responder sim, de coração.
O amor de Cristo nos constrange a responder sim. Sentimos tanto amor fluindo da morte de Cristo para nós, que descobrimos nossa morte na morte dEle — nossa morte para todas as lealdades rivais. Somos tão dominados (“constrangidos”) pelo amor de Cristo, que o mundo desaparece, como que diante de olhos mortos. O futuro abre um amplo campo de amor.
Um cristão é uma pessoa que vive sob o constrangimento do amor de Cristo. O cristianismo não é meramente crer num conjunto de doutrinas a respeito do amor de Cristo. É uma experiência de ser constrangido por esse amor — passado, presente, futuro.
Entretanto, esse constrangimento surge de um juízo que fazemos sobre a morte de Cristo: “Quando Ele morreu, eu morri”. É um julgamento profundo. “Assim como o pecado de Adão foi, legal e eficazmente, o pecado de toda a raça, assim também a morte de Cristo foi, legal e eficazmente, a morte de seu povo.” Visto que nossa morte já aconteceu, não temos mais condenação (Rm 8.1-3). Isto é a essência do amor de Cristo por nós. Por meio de sua morte imerecida, Cristo morreu nossa morte bem merecida e abriu o seu futuro como o nosso futuro.
Portanto, o juízo que fazemos sobre a sua morte resulta em sermos constrangidos pelo amor dEle. Veja como Charles Hodge expressou isso: “Um cristão é alguém que reconhece a Jesus como o Cristo, o Filho do Deus vivo, como Deus manifestado em carne, que nos amou e morreu por nossa redenção. É também uma pessoa afetada por um senso do amor deste Deus encarnado, a ponto de ser constrangida a fazer da vontade de Cristo a norma de sua obediência e da glória de Cristo o grande alvo em favor do qual ela vive”.
Como não viver por Aquele que morreu nossa morte, para que vivamos por sua vida? Ser um cristão é ser constrangido pelo amor de Cristo.

Extraído do livro: Uma Vida Voltada para Deus, de John Piper.
Copyright: © Editora FIEL
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