sexta-feira, 29 de julho de 2011

O presente do Evangelho

Jason sentou à minha frente com a cabeça baixa e os ombros largados, características de um homem confuso e desapontado. Não é que a vida de Jason fosse uma triste narrativa de sofrimento pessoal. Claro, ele já havia enfrentado situações difíceis, mas foram apenas situações típicas que são enfrentadas quando se vive em um mundo perturbado pelo pecado. Não é como que Jason fosse alienado e sem amigos. Ele estava cercado por um grupo de amigos menos que perfeitos, mas ainda assim muito fiéis. Não é como se Jason fosse pobre ou sem teto. Não, ele tinha um emprego comum e uma casa razoável.
O problema de Jason é que ele estava perdido em meio à sua própria fé. Estava cada vez mais difícil para ele conectar a beleza do que acreditava com as realidades duras e muitas vezes difíceis de sua vida diária. O problema de Jason é que ele carregava consigo um evangelho que tinha um grande furo bem no meio.
Jason saberia te explicar o que significava dizer que ele havia sido “salvo pela graça”, e ele sabia que passaria toda a eternidade com seu Salvador. O problema era o presente, o aqui e o agora. Dia após dia, situação após situação e relacionamento após relacionamento, Jason não levava consigo o sentido prático e vibrante do presente da graça de Jesus Cristo. Sim, Jason acreditava na vidaapós a morte, mas ele precisava desesperadamente entender a vida antes da morte; aquele tipo radical de vida que você vive quando entende o que Cristo te deu, a vida para qual ele te chamou para viver aqui e agora.
Deixe-me sugerir quatro aspectos críticos do presente do evangelho (existem mais) para os quais Jason parecia estar cego.
  1. A Graça vai destruir o que você pensa de si mesmo, enquanto te dá uma segurança quanto à identidade que você nunca teve. A graça vai expor o seu pecado, mas não te deixará sem identidade. A graça libertou Jason, mas ele não sabia disso, ou não vivia como se soubesse. Não só ele havia sido perdoado e capacitado, mas agora ele também tinha uma nova identidade. Jason estava livre de buscar em si mesmo a sua identidade. Ele não precisava mais manter um histórico de erros e acertos, ou do tamanho dos problemas que enfrentava.
    Seu potencial era tão grande quanto a graça de Cristo. Ele estava livre de buscar em seu exterior a sua identidade. Ele não precisava mais buscar uma identidade nos relacionamentos, posses ou aquisições. Jason estava livre de procurar horizontalmente o que já havia recebido verticalmente.
    Sua identidade não estava mais embasada no que ele poderia merecer ou alcançar, mas no que ele havia recebido de Cristo. O problema era ele não saber disso, então vivia em uma constante busca por significado e propósito, procurando por identidade em coisas onde jamais poderia encontrar.
  2. A graça vai expor os pecados mais profundos do seu coração, mas cada falha sua com o sangue de Jesus.Jason não precisava mais inventar desculpas, negar, racionalizar ou minimizar seu pecado. Ele não precisava mais exercitar seu advogado interior quando alguém apontava algum erro seu. Por causa da cruz de Jesus, Jason podia admitir sua fraqueza e seu fracasso perante um Deus santo e não ter medo disso. E se um Deus santo havia lhe aceitado como ele era, por que Jason iria temer a opinião dos outros?
    Jesus tomou sobre si a rejeição destinada a Jason para que ele não precisasse ver Deus pelas costas. A graça libertou Jason da necessidade de provar para Deus, para si mesmo e para os outros a sua justiça. A esperança e a segurança de Jason não estavam mais em sua própria justiça, mas na justiça dada a ele por meio de Cristo. O problema é que ele não sabia disso, então oscilava entre o medo e o orgulho, vivendo de desculpas auto-justificantes e de defender-se perante os outros.
  3. A graça te faz perceber o quanto você é fraco, enquanto te abençoa com um poder além da sua imaginação.A graça de fato requer que você admita o quão fraco você é, mas ela não te deixa aí. A cruz não apenas lida com a culpa do pecado, mas com a própria capacidade de pecar ou não. Nesse mundo destruído cheio de dificuldades e constantes tentações, Jason se sentia fraco e despreparado, e assim vivia mais com medo e se escondendo do que esperançoso e com coragem.
    Jason não apenas recebeu perdão, ele foi cheio de poder; poder além da sua imaginação (Efésios 3.20,21). O problema é que Jason não sabia disso, então ele sucumbia às coisas que ele tinha poder para vencer e evitava coisas que ele tinha o poder para conquistar.
  4. A graça vai tirar o controle de suas mãos, enquanto te abençoa com o cuidado dAquele cujos planos não mudam e são totalmente perfeitos. Jason tinha algum tipo de crença distante na soberania de Deus, mas de uma forma totalmente afastada de sua vida diária. Ele vivia como se não tivesse a mínima idéia de que Jesus estava sobre controle de todas as coisas para o seu bem (Efésios 1.20-23). Assim, Jason estava constantemente tendo que lidar com a frustração de tentar controlar pessoas e outras coisas sobre as quais tinha pouco ou nenhum poder para fazê-lo.
    Ele gastava muito tempo calculando os “e se?” e se remoendo pelos “talvez se”. Ele parecia não saber que sua segurança e descanso não seria encontrados em sua habilidade de prever o futuro e controlar o presente, mas no amor fiel e na grande sabedoria de seu Salvador soberano, Jesus, logo, sua vida era muito mais de ansiedade do que de descanso.
Como você pode ver, Jason não precisava de mais graça. Não, ele apenas precisava entender e viver sob a luz da graça que ele já havia recebido.  Jason estava com amnésia da graça, e assim vivia como se fosse pobre, quando a graça já o havia feito excepcionalmente rico. Ele vivia como se fosse fraco, quando a graça o havia feito forte. Ele vivia como se a vida não tivesse um plano, quando ele já havia sido incluído nos planos inalteráveis do Deus da graça redentora.
Jason carregava um evangelho com um imenso buraco bem no meio e, por causa disso, não vivia a liberdade, a beleza e a segurança que já havia recebido aqui e agora. E você?
Paul Tripp

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Espírito Santo


Joel foi um profeta levantado por Deus para abrir os olhos do povo de Judá, que estava andando no pecado e em Joel 2.28-29 ele diz:.‘derramarei do meu Espírito sobre toda a carne’.
Carne nessa passagem não tem o significado de pecaminosidade ou fraqueza moral e sim fraqueza existencial, a noção de que somos mortais.
Vida sob condição da morte.
A Noção de eternidade de se desperta na morte, porque somente encarando nossa mortalidade questionamos o que vem depois e nos fazemos encarar se será condenação ou justificação.
Gênesis 6.3
“E o meu Espírito não permanecerá para sempre no homem, pois ele é carne; os seus dias serão cento e vinte anos.”
A comprovação de que o que nos mantém vivos é o Espírito de Deus. É como se Ele soprasse sobre nós seu Espírito trazendo vida, e inspirasse seu Espírito recuperando algo que é Dele por direto, e então vem a morte.
É por isso que a bíblia diz que ‘maldito é o homem que confia no homem’, não somente porque o homem é falho, mas porque ele é mortal e se você coloca a razão da sua existência sobre algo que é mortal você se torna refém da morte. A razão da nossa existência como Cristãos está para além do que é mortal, está em quem VENCEU a morte.
Então diante da noção de que somos carne, como fraqueza existencial e seres mortais, ali repousa a mensagem do arrependimento. Porque enquanto não encaramos o fato de que não somos super-heróis eternos não entendemos a mensagem da eternidade, seja ela na condenação ou justificação.
Mas porque estou falando tudo isso?
Porque existe um processo para que o Espírito Santo seja derramado.
Aí então se reforça a idéia de que não falamos de carne como pecado. Porquê? Pelo simples fato de que se carne e espírito estão em guerra entre si não tem como um sobrepor o outro, não pode haver contato. A carne tem que sair para que o Espírito seja derramado.
Não há derramamento do Espírito Santo onde não há arrependimento.
“Embora tenha ficado como um odre na fumaça, não me esqueci dos teus decretos.”
Sl 119.83
O Odre é um recipiente feito de couro de animais para levar líquidos em viagens longas. O odre era feito para levar vinho. Mas também havia um processo para que o odre fosse usado. Se era feito de couro de animal existia cheiro de … animal.
Por isso era necessário deixar o odre na fumaça até perder todo o cheiro de carne, para então o vinho ser colocado dentro.
Não existe derramamento do Espírito Santo onde há cheiro de carne.
Joel começa a profecia com duas palavras:
“Depois disso”…
“Depois disso” o que?
Joel 2.12-17 – Mensagem de arrependimento para o povo.
A igreja clama por avivamento! Mas antes ela precisa de arrepender.
Não se emocionar! Se arrepender!
Nós temos criado uma geração de jovens sem raízes porque se contentam com emoções.
Isaías 29.8 – “É como o que sonha que está comendo, mas ao acordar encontra-se faminto”…
1 Co 2.11-12 diz que é através do Espírito Santo que conhecemos a Deus, não somente sua palavra, mas sua essência, caráter, sentimentos e forma de agir.
O derramamento do Espírito Santo vem da morte (Fraqueza existencial) para a morte (para o pecado).
Noção de morte → Noção de eternidade → Arrependimento → derramamento → Morte p/ pecado
Romanos 6.10 – “Pois, quanto a ter morrido, morreu para o pecado de uma vez por todas; mas, quanto a viver, vive para Deus”. – Fala de Jesus, mas somos Seus imitadores, então cabe a nós também morrer para o pecado e sermos santos.
Santidade é obra de Deus em você, é marca de que o Espírito Santo passou em você.
É tempo de vocês serem cheios do Espírito Santo.
Algumas evidências de que o Espírito está sendo derramado entre vocês.
1. Convicção do pecado;
2. Seriedade nas coisas espirituais;
3. Preocupação com a glória de Deus;
4. Apego as Escrituras;
5. Mudança Ética e Moral;
6. Restauração de relacionamento;
7. Impacto Social – Se sua igreja saísse do lugar onde está, que falta ela faria? “Qualquer coisa cuja presença ou ausência não faça diferença não é essencial.”(Aristóteles)
8. Trazer Santidade;
9. Mudança de mentalidade – Jr. 29.11 – ‘Pois eu bem sei que planos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; planos de prosperidade e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança’. Deus tem pensamentos sobre vocês, mas ele quer que VOCÊS saibam que pensamentos são esses. Para isso é necessário ter a mente de Cristo, conhecer a Deus através do Espírito Dele.
Deus quer revitalizar essa igreja. E você é a igreja!
É hora de se arrepender, parar com a relativização do pecado e se render!
A resposta para todos os erros e tudo de podre que tem contaminado a igreja é você.
A resposta pra mundanização dentro da igreja é você!
CHEIO DO ESPÍRITO SANTO!
Pregação de Sarah Furtado, baseado no texto do Pr.  Jonas Madureira da IBP.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A mentira


Certo dia, uma garotinha, de apenas 4 ou 5 anos de idade, estava assistindo em sua TV um programa que contava com a participação do público por telefone. Na época era muito raro as pessoas ligarem para fora da cidade porque era muito caro, e o controle de gastos estava até mesmo nas ligações locais.
A garota, muito esperta, logo decorou o número e quando ninguém estava vendo, foi ao telefone e discou para o programa três vezes. Atenderam, mas ela não chegou a dizer um simples ‘olá’ para se ouvir na televisão.
Passou alguns dias e chegou a conta telefonica, e o pai da menina achou muito estranho as ligações com o nome do programa, além do valor alto de cada uma delas. O pai conversou com sua esposa, e logo foram falar com a filha. A mãe disse:
▬ Filha, foi você que usou o telefone para ligar ao programa?
A menina sem pensar, respondeu:
▬ Não, mamãe, não foi eu.
Então, o pai reforçou:
▬ Filhinha, tem certeza que não foi você? – e ela respondeu:
▬ Não papai, não foi eu, será que não foi a minha irmã?
Os pais esperaram a filha mais velha chegar da escola, e quando chegou já foram logo conversar com ela. “Não mãe, não foi eu, de verdade pai, não foi..” dizia a menina mais velha quase chorando aos seus pais. Vendo a cena, os pais resolvem chamar a filha mais nova que estava brincando no quintal.
Quando a menina chegou, o pai, com muita sabedoria, com o telefone em suas mãos, falou:
▬Filhinha, mostra pro papai quais são os números que ligam para o programa da TV.
A menina em seu colo, sem perceber, discou para o seu pai o número do progama da televisão, sem problema nenhum.
O pai, então, lhe pergunta novamente:
▬ Filha foi você que ligou para o programa?
A garotinha respondeu:
▬ Não papai… – e não aguentou, logo em seguida começou a chorar e confessou que havia mentido e que tinha ligado para o programa.
“Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo…” Efésios 4.25

A mentira, hoje, não é considerada como um erro grave, a cada dia se torna mais comum uma mentirinha aqui, outra lá, e assim vai se tornando uma ‘grande bola de neve’.
Podemos afirmar que a mentira está desde o início da humanidade. Adão e Eva pecaram, desobedeceram a Deus, então, quando Deus pede uma explicação, Adão deixa a verdade da desobediência e passa a responsabilidade para Eva, e Eva para a serpente (Gênesis 3.12-13), assim como a garotinha de nossa história, que na primeira oportunidade passou a responsabilidade para sua irmã, mesmo tendo a oportunidade de falar a verdade.
Vocês devem estar se perguntando “quem será essa menina da história?”, confesso, sou eu mesma. Lembro-me de cada detalhe, como se fosse ontem. Mas lembro também do grande amor de meus pais em me corrigirem, mostrando que não estavam preocupados com a conta do telefone, mas sim com a mentira que eu havia contado.
Da mesma maneira Deus aje conosco. A todo momento Deus demostra o seu AMOR para conosco, mas mesmo assim, não ouvimos e até mesmo insistimos que não há nada de errado em nossas vidas. Não falo somente sobre mentiras agora, mas sim de como nós estamos vivendo e testemunhando.
Aproveite para falar a verdade enquanto há tempo!
Caroline Z.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Caminho e coração,tenham muita atenção!


“À medida que Salomão foi envelhecendo, suas mulheres o induziram a voltar-se para outros deuses, e o seu coração já não era totalmente dedicado ao Senhor, o seu Deus, como fora o coração do seu pai Davi” (I Reis 11:4)

Vocês já devem ter escutado que é fácil começar alguma coisa; o difícil é terminá-la, e terminá-la bem! Salomão é o exemplo vivo disso. Começou o seu ministério, como Rei de Israel, muito bem. Porém, terminou-o mal. Mal e consciente!
Para mim, tanto o livro de Eclesiastes como o de Provérbios expressam a consciência de Salomão sobre a sua própria vida, e esta, boa parte jogada fora; principalmente por não ter andado nos caminhos de Deus – em obediência ao seu pai Davi.
É como se você chegasse ao fim da vida e olhando para trás, fizesse uma reflexão… E, então, percebesse que durante muito tempo de sua vida, ela não valeu nada! Foi como correr atrás do vento! E que esse pedaço de sua vida, sem sentido, foi por causa da falta de temor a Deus, que tanto o seu pai (ou o seu pastor) havia lhe dito para que não se desviasse.
Não é a toa que em Provérbios Salomão fala muito sobre obedecer ao ensino do pai, pois ele tinha consciência que o momento no qual a sua vida não teve sentido, foi exatamente o momento em que ele desobedeceu às orientações do seu pai Davi. Assim, como não é à toa, ele deixar bem claro, que o mais importante na vida étemer a Deus e obedecer aos seus mandamentos… Pois senão, pode vir dias em que você dirá: “Não tenho satisfação neles” (Eclesiastes 12: 13-14 e 11).
Mas, o que eu quero destacar é que foi no caminho da vida que Salomão perdeu o controle dela. Começou a vida temendo ao Senhor, mas durante o caminho, o seu coração (que na cultura hebraica é o centro de toda a razão, emoção, sentimento… Aquele que conduz a todas as decisões) se perdeu! Não é a toa que ele escreveu para tomarmos muito cuidado com o nosso coração (Provérbios 4:23), pois toda a nossa vida depende dele.
Um dia, pela fé, entregamos a nossa vida ao Senhor Jesus; optamos andar por esse caminho. Porém, se não cuidarmos do nosso coração, poderemos nos desviar (sutilmente), e assim como Salomão, vivermos dias os quais não teremos satisfação neles, pois correr atrás do vento não dá significado nenhum a vida!
Ter fé não significa apenas acreditar que Deus possa fazer grandes coisas… Ter fé é perseverar, permanecer até a morte com o coração totalmente dedicado ao Senhor, mesmo estando no caminho da vida, e este, cheio de armadilhas e desvios.
Esse é o desafio do cristão! Andar no caminho da vida sem perder o coração totalmente dedicado ao Senhor!
Eu não conheço o caminho da sua vida, não sei o que pode ou até mesmo tem desviado o seu coração do Senhor, mas te encorajo, no dia de hoje, a descobrir e vencê-lo. Salomão falhou. Mas, Deus por meio dele, deixou-nos o alerta para que não falhássemos!
Caminho e Coração! Tenham muita Atenção!

Pr. Matheus Azevedo

terça-feira, 12 de julho de 2011

Ser menos que humano



 Uma coisa que muito fascina no estudo da Escritura é a maneira como aparentes antíteses são comuns. Jesus gostava de expressar algumas: “todo aquele que se humilha será exaltado”, “os últimos serão os primeiros”, “felizes os que choram” – todas são exemplos de pequenos paradoxos ditos pelo Salvador. São afirmações que nos levam a pensar um pouco mais, e nos dão um aviso de que a maneira como Deus enxerga o mundo é totalmente diferente de como pensa o homem caído.
Entre esses paradoxos, algo que nunca é explicitamente dito, mas que se encontra por toda a Palavra é a noção de que quanto mais nos aproximamos de Deus, mais humanos somos.
Como assim? Quer dizer que aproximamos do Deus Santo e nos tornamos fracos e pecadores? Certamente não! Essa é a humanidade pós-Queda. Quero dizer que quanto mais nos aproximamos de nosso Criador, melhor nos conformamos ao propósito para o qual a humanidade foi criada. Isto é, o homem é valorizado e alcança sua dignidade original não quando ele está no centro– como os humanistas seculares propõem – mas quando Deus está no centro de tudo, de sua vida, suas relações, seu pensar, agir e falar. Aí a humanidade é verdadeiramente humana.
"Quando Deus está no centro de sua vida, suas relações, pensar, agir e falar, aí a humanidade é verdadeiramente humana."
Repare o que acontece nos primeiros capítulos de Gênesis. Adão e Eva foram criados para um propósito específico – glorificar a Deus por meio de sua obediência, e isto incluiria o domínio sobre a Criação, a formação de famílias, o dia de descanso e o desfrutar piedoso de tudo aquilo que Yahweh tinha criado. Eles eram imagem de Deus e, assim, o refletiriam.
Porém, havia certa exceção nas maravilhas que o Senhor entregou a Adão e Eva – a árvore do conhecimento. Não podiam prová-la, ou isto significaria a degeneração deles mesmos à morte. Provavelmente Adão e Eva tinham alguma noção do que isso se tratava (uma ameaça de castigo deve ameaçar, afinal de contas). Eles voltariam ao pó.
A serpente, astuta como é, sugere aos nossos pais que provem do fruto desta árvore. “Vocês serão como Deus”, ela diz. Adão e Eva creram naquilo que o Inimigo falou, buscaram ser como Deus – e o que aconteceu? Condenaram as futuras gerações a uma vida inferior, uma vida caída, uma vida que não reflete o Criador, uma vida menos que humana.
Já reparou que quando vemos alguém cometer uma atrocidade chamamos aquilo de “desumano”? Talvez esse seja um eco, uma lembrança, da nossa dignidade perdida há milhares de anos.
Tudo isso me leva a pensar sobre Romanos 9, quando Paulo fala sobre Criador e criatura:"Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus? Acaso aquilo que é formado pode dizer ao que o formou: ‘Por que me fizeste assim?’ Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?" (v.20,21)
Temos de levar em consideração que somos vasos feitos por um Oleiro. A resposta de Paulo para a pergunta “há injustiça da parte de Deus em escolher alguns e reprovar outros?” é “assim como um oleiro sabe mais sobre a argila do que o vaso, Deus sabe muito mais sobre como se governa os homens do que nós mesmos”. Ou seja, Paulo admite que há um mistério, mas ele tem certeza de uma coisa – há uma diferença muito grande entre Deus e o homem. E certamente Deus sabe mais sobre sua obra que a própria obra sabe sobre si.
Para mantermos nossa comunhão com Deus, é necessário termos uma visão correta sobre quem é Deus e quem somos nós. Não há lugar para autoilusão quando se sabe a diferença substancial entre o Criador e as criaturas. Quando nos reconhecemos como vaso, sabemos para quem fomos feitos. A palavra ali traduzida como vaso pode significar qualquer instrumento ou utensílio. E alguém já viu um vaso dando ordens para os moradores de uma casa?
O pecado de Adão está relacionado a isso. Ele não seguiu o propósito que o Oleiro tinha para vida dele. Achou que sabia mais sobre a argila do que o Oleiro. Pensou que ele mesmo poderia moldar-se. Ele foi formado à imagem de Deus, e tentou formar-se de forma diferente. E o que acontece quando o homem tenta se moldar a algo diferente da imagem de Deus? Ele se torna menos do que um homem. E é por isso que nessa mesma carta de Romanos Paulo nos diz:"Porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis." (Romanos 1.21-23)
O homem que não se reconhece como um vaso dependente da mão do Oleiro para moldá-lo conforme a sua boa, perfeita e agradável vontade, torna-se um adorador de imagens inferiores. Ao invés dele ser imagem de Deus e dominar sobre os animais, ele é dominado por imagens de criaturas caídas ou seres irracionais. Por exemplo:
  • Deuses pagãos: a maioria (ou, possivelmente, todos) tem figura de homens e/ou animais ou são personificados em elementos da criação (chuva, sol, lua, etc);
  • Bebida e comida: o trabalho das mãos dos homens, feitas de animais e plantas dominando sobre a coroa da criação;
  • Sexo: Paulo claramente liga a perversão sexual à falsa adoração, porque o casamento é imagem de Cristo e da igreja. Se não vemos o sexo dessa forma, o veremos como imagem de algo que não é Cristo – em outras palavras, idolatria;
  • Dinheiro: Jesus comparou a paixão pelo dinheiro à idolatria. (Curiosamente, as nossas notas de Real, tão valiosas, são cheias de figuras de bichos…)
A lista acima não é uma alegoria ou tentativa de minimizar a idolatria a objetos que tenha certas figuras. Ela serve mais como lembrete de que estamos sendo dominados por elementos da criação, como Eva e Adão foram enganados por uma serpente e uma fruta. A idolatria nasce, em primeiro lugar, do coração que tirou Deus de seu lugar de direito. E a Bíblia é clara quando diz que o adorador se torna semelhante àquilo que ele adora:"Os ídolos deles, de prata e ouro, são feitos por mãos humanas. Têm boca, mas não podem falar, olhos, mas não podem ver; têm ouvidos, mas não podem ouvir, nariz, mas não podem sentir cheiro; têm mãos, mas nada podem apalpar, pés, mas não podem andar; e não emitem som algum com a garganta. Tornem-se como eles aqueles que os fazem e todos os que neles confiam".(Sl 115.4-8)
Todo aquele que se esquece que é vaso criado pelo Oleiro, todo aquele que acha que sabe mais que o Oleiro, todo aquele que se nega a cumprir a função de vaso – deixa de ser um vaso útil. Tanto agora quanto no mundo vindouro. A morte é o oposto de Deus, que é vida.
Como um animal selvagem, o ser humano que deixa de ser imagem de Deus passa a seguir seus próprios “instintos”, a satisfazer suas necessidades imediatas, a simplesmente defender seu território, reproduzir e morrer. Ou, na melhor (?) das hipóteses, torna-se como animal domesticado, seguindo regras, aprendendo o horário certo de comer e fazer cocô, esperando a recompensa por cada botão apertado corretamente. Como disse Salomão, sob o Sol “o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro” (Ec 3.19)¹.
Há alguns séculos, Thomas Watson escreveu²:Não existe criatura capaz de envergonhar-se, senão o homem. As bestas brutas sentem medo e dor – mas não se envergonham. Não podes fazer uma besta ruborizar. Aqueles que não coram pelo pecado, em muito lembram as bestas… Um pecador é um suíno com cabeça de homem.. Aquele que uma vez foi menor que os anjos em dignidade – tornou-se agora como as bestas! Os ímpios estão – de certa forma – totalmente brutificados! Eles não agem racionalmente, mas são levados pela violência de seus desejos e paixões. Nossos pecados tomaram aquele espírito nobre e santo, que uma vez tivemos. A coroa caiu de nossas cabeças. A imagem de Deus está desfigurada, a razão eclipsada , a consciência entorpecida!
Felizmente, a história não termina aqui. Em Cristo, Deus se fez homem. Ele viveu a vida de obediência, agiu como vaso de honra, refletiu o seu Criador. Verdadeiramente, ele é a imagem de Deus, tanto em sua divindade quanto em sua humanidade. Em Cristo, homens e mulheres podem reviver, podem retornar ao seu papel original, e conformar-se (amoldar-se) novamente à figura do Redentor. Glória a Deus por seu Filho amado!
Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. (Romanos 8.29)
E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou. (Colossenses 3.10)
E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial. (1 Coríntios 15.49)
Novamente, então, a coroa é nossa. A humanidade volta a seu posto por meio do Rei Jesus, que “assentou-se à destra da majestade nas alturas; feito tanto mais excelente do que os anjos, herdou mais excelente nome do que eles” (Hb 1.3,4). Somos humanos novamente.
Em Cristo, homens e mulheres podem reviver, retornar ao papel original e conformar-se (amoldar-se) à figura do Redentor.
Josaias Jr.

Notas: ¹ É claro que Deus refreia o pecado do homem, o que impede de vermos toda a brutalidade da nossa depravação. Mas, entregue aos seus desejos egocêntricos e carnais é isso o que acontece com cada pessoa. Além disso, é óbvio que a humanidade guarda em si dons e habilidades que nenhum animal tem. A questão é como e para que eles são usados.
² No livro The Doctrine of Repentance

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Um Fantasma Chamado Passado



Você com certeza se lembra da sua origem, do seu passado, das coisas que fez ontem, ou há 10 anos atrás. E talvez essas lembranças nao te tragam sentimentos bons.
Mas eu queria te dizer que a sua origem real não foi um adultério, ou um ventre cheio de rejeição. Sua origem foi no coração de Deus, a sua vida, seu respirar veio do pulmão dEle. Esse é o passado que você tem que se lembrar, essa é sua origem.
O resto foi lançado no mar do esquecimento a partir do momento que um homem de braços abertos gritou “está consumado”. Ele estava crucificado, mas sabia muito bem o que estava acontecendo. Sentia a pior das sensações físicas, mas seu espírito rejubilava “Está consumado”.

Você sabia que antigamente, quando um prisioneiro cumpria sua pena e saía (vivo ou morto) anotava-se em seu cadastro: “Teo Telestai” ? ESTÁ CONSUMADO.
Foi isso que Jesus fez.
A porta da prisão está aberta, entao porque muitos ainda estão lá?
Corre pra fora meu irmão, vc é livre! Ja está consumado, acabou, a divida contra vc foi rasgada ha muito tempo

Ore para que sua mente seja cativa ao Espirito Santo, e para que vc consiga rejeitar todo tipo de engano que o inimigo colocar no seu coração, mentiras, lembranças, etc.
Ore para que sua carne seja admoestada também, para que vc nao tenha prazer nem saudade dos pecados que ja cometeu.
Ore para se lembrar todos os dias, quando abrir os olhos, de quem você é em Deus, verdadeiramente.
O inimigo pode saber seus pontos fracos, ser astuto e tudo mais. Mas cabe a você dar ouvidos a ele ou não.
Passado? É só um fantasma que não resiste a imagem da cruz. Espante-o.
Lenara

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Pedras, Pedros e o que Deus faz com eles.


“Andando à beira do mar da Galiléia, Jesus viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Eles estavam lançando redes ao mar, pois eram pescadores.” Mateus 4:18
O ENCONTRO
Não foi Pedro que encontrou Jesus, e não é a gente que encontra Jesus. Ele nos encontra nos nossos problemas. Pedro foi encontrado na Galiléia, você pode ter sido encontrado no hospital, no seu escritório, na sua escola, no seu quarto, no seu desespero. Ele fazia o que era corriqueiro a ele (pescar) e Jesus chegou propondo algo louco (pescar).
Ao mesmo tempo que era uma proposta louca, perceba que Jesus não pediu pra Pedro, que possuía habilidade e experiência de pescador, pintar um quadro, ou construir uma casa. Ele propôs para o pescador de peixes, uma pesca. Mas uma pesca diferente. Dali pra frente, ele pescaria homens. Perceba que o convite de Jesus, ao mesmo tempo que mudaria o rumo da vida de Pedro, não ia mudar quem ele era, ou o que gostava/sabia fazer.
Deus um dia não inventou você. Ele não tava pensando em dinossauros nem estava namorando como dizem alguns cantores por aí. Ele não te inventou, Ele te criou. Criação custa inteligência, planejamento e sentimentos certos. Deus colocou isso em Pedro. A teimosia, a impulsividade e os muitos deslizes tentando acertar eram parte da personalidade de Pedro, tudo porque um dia Deus o criou, único. Assim ele também criou a mim e a você com dons e talentos específicos.
A VARA QUE TODO PESCADOR DE HOMENS PRECISA TER
“Tendo o chamado.. deu-lhe Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades.” Mateus 10:1
Logo depois que foi chamado por Jesus para o seguir, e de receber algumas instruções de como seria a nova pesca, surge um dilema. Com os peixes Pedro tinha moral, sabia os truques, conhecia o mar e cada espécie de cada criaturinha com nadadeiras que nadavam ali por baixo. Mas Pedro não conhecia NADA sobre essa nova pesca que Jesus propôs. Aí entra a diferença que faz você seguir o Mestre. O que Pedro fez foi seguir a Jesus, imita-lo, absorver dEle tudo que Ele tinha pra ensinar. Andar com Jesus vai acrescentar a sua habilidade uma coisa chamada AUTORIDADE. E se tratando de ministério, essa tal de autoridade faz toda a diferença. Digamos que ela é a vara de pescar que todo pescador de homens precisa ter. Ela não vem em livros, você não pode compra-la pela televisão e você também não vai encontrá-la num seminário, nem em lugar nenhum. Você encontra autoridade caminhando com Jesus,você recebe autoridade quando Ele libera a palavra, simples assim.
FÉ NA PRÁTICA
“Senhor”, disse Pedro, “se és tu, manda-me ir ao teu encontro por sobre as águas”.  “Venha”, respondeu ele. Então Pedro saiu do barco, andou sobre as águas e foi na direção de Jesus.” Mateus 14:28,29
Pra pescar peixes era preciso habilidades e conhecimentos básicos e muita paciência. Mas agora, no treinamento para pescar homens, Pedro precisou aprender sobre fé. Uma palavra tão curta mas tão densa. Ainda assim, a densidade da falta de fé de Pedro foi maior e, em uma tentativa de manejar essa nova ferramenta, ele afundou no meio do trajeto. Foi o único corajoso por aceitar o desafio. Jesus estava ali, sobre as águas, e chamou Pedro pra junto dEle. Sair do barco naquela situação era loucura, mas ele foi. O que aconteceu então? Se Pedro foi corajoso para dar alguns passos, o que aconteceu em tão pouco tempo pra que a experiência não obtivesse sucesso? O que pesou? O que o afundou?
O cérebro.
Calma, você não precisa amputar sua cabeça pra conseguir exercer sua fé, por favor não faça isso. Mas o que aprendemos com isso e a dica que você pode pegar dessa história é: Todos os seus cálculos, e toda sua noção de lógica, podem colocar por água abaixo a sua experiência de fé. Fé é a certeza das coisas que não se vêem, do absurdo, do sobrenatural, do incomum. Nenhum médico explica uma pessoa sendo curada de AIDS, mas pela fé ela pode ser curada. Nenhuma fórmula explica uma pessoa andando sobre as águas, mas pela fé, ela pode andar. Entende?
Nessa aventura, engolindo muita água, Pedro certamente não ia morrer afogado, mas tava engolindo muita vergonha e clamou “Jesus, me salva!” (Mat 14:30) Pediu pra ser salvo das suas muitas contas e cálculos e de sua pouca fé. Pediu de volta a coragem constante que o impulsionou no primeiro passo.
Entre o barco e água era apenas um passo, ele conseguiu. Mas entre andar na superfície e afundar, havia ainda muito cientificismo.
Pedro tomou um caldo, Pedro afundou que nem pedra, mas voltou com mais fé.
Que você não se envergonhe do caldo que está tomando, se é que está. Nem se envergonhe de lembrar dos caldos que já tomou, porque só erra quem está fazendo algo, quem está se arriscando. Se Jesus te chamar, vá. No seu bolso só tem uma pequena fé? Vá. Sua racionalidade começa a te empurrar pra baixo? Não desista, tente mais um pouco. O máximo que vai te acontecer é ser abraçado por Jesus e algum tempo depois receber uma segunda, terceira ou milésima chance pra fazer dar certo.
Jesus curte pegar pedras que um dia afundaram por falta de fé e sobre elas edificar coisas belas. Vide Mateus 16:18.
Paz!
Lenara